Na passada quarta-feira a Reserva Federal Norte-Americana (FED) apresentou a chamada operação “twist” que tem como objectivo baixar a taxa de juro de longo prazo. Os mercados financeiros reagiram mal a este (já esperado) anúncio e vale a pena analisar porquê.
A operação “twist” envolve a compra de dívida soberana dos EUA com maturidades longas com as receitas provenientes da venda de dívida com maturidades mais curtas. O montante de que se fala é de 400 mil milhões de dólares. Ora, como qualquer aluno de princípios de macroeconomia sabe, dada a relação inversa entre o preço de um obrigação e a taxa de juro implícita, o resultado do “twist” é uma descida das taxas de juro de longo prazo e um aumento das de curto prazo.
E é precisamente o aumento das taxas de juro no curto prazo que desagradou particularmente aos mercados, fazendo com que o dólar valorizasse fortemente. E também, como qualquer aluno de princípios de macroeconomia sabe, uma valorização do dólar encarece os commodities (que são transaccionados em USD) para todos aqueles cuja moeda não é o USD.
Neste enquadramento não é difícil de entender a queda dos preços das acções por todo o mundo, especialmente numa altura em que, como o FMI vem advertindo repetidamente, quando todos os países da OCDE concretizam uma política de austeridade ao mesmo tempo, aumenta a probabilidade de uma desaceleração significativa da actividade económica mundial.
Obviamente que a crise bancária e de governance na área do Euro não ajuda, uma situação que se vê agravada com a iminência da China se juntar ao clube de países a viver uma críse de dívida.