Obrigar os trabalhadores do sector privado a trabalhar mais 2,5 horas por semana vai aumentar a competitividade da nossa economia? É uma alternativa viável à descida da TSU?
Como sabemos, a produção adicional (ou marginal) vai caindo à medida que trabalhamos mais horas. Por esse motivo, talvez fosse preferível exigir que se trabalhasse ao Sábado de manhã do que estar (sim, digo estar e não trabalhar) mais 30′ ao fim do dia.
Também não compreendo por que razão um barbeiro do sector privado (que trabalha no sector dos não transaccionáveis) há de ter de trabalhar mais 30′. O país não fica mais competitivo por isso. Aliás, trabalhando mais horas e com uma produtividade marginal já baixa, a medida vai baixar a produtividade que aparece nas estatísticas (medido como PIB por hora trabalhada). A competitividade tem a ver com a capacidade de exportar mais. Confesso que não percebo o alcance da medida.
Finalmente, será uma alternativa à descida da TSU? Nunca gostei da descida da TSU: acho que teria um efeito temporário (na melhor das hipóteses) e acarreteria consigo um significativo risco para a sustentabilidade financeira dos sistemas de protecção social. Em suma, temos de procurar noutro sítio. Digo “na melhor das hipóteses” porque ninguém nos garante que, face a uma descida da TSU, as empresas decidam nesta conjuntura contratar mais trabalhadores.
Pois é!
Nunca ninguém se lembra de incentivar os transaccionáveis, baixando o custo dos encargos que incidem nas Matérias-primas, nas Máquinas Ferramentas, nos Equipamentos de Elevação e Transporte, nos Instrumentos, nos Componentes, na Energia e nas Marcas e Patentes, a começar pelo IVA.
Já para não falar em fazer como todos os outros países, todos mesmo, a implantação de barreiras de qualidade, ecológicas e outras, para desincentivar as importações e a concorrencia externa, com empresas nacionais no mesmo segmento dos transaccionáveis. Isso para não falar de incentivos à exportação, mas isso é pedir muita acção estratégica para tanta inépcia nacional.
É Idiota fazer o aumento da produtividade só baixando o custo da mão de obra, até porque numa população como a nossa, isso é finito.