Que futuro com baixos salários?

Quer por motivos de austeridade (ou brutalidade?) orçamental, quer para baixar os custos unitários do factor trabalho, recorre-se a uma redução dos salários.

Neste post quero apenas relembrar dois pontos, o primeiro dos quais se resume à desmotivação óbvia que está associada a um corte significativo (como este é) da remuneração anual. Ah, e não me venham os psicólogos dizer que, como o corte foi apenas dos subsídios de férias e de Natal, cortou-se o extra e não a remuneração base – a eles apenas digo: o dinheiro é fungível – um euro recebido em Março ou em Novembro é um euro.

O outro ponto a relembrar é que os países da OCDE que são mais desenvolvidos que nós são mais competitivos e têm salários mais elevados. Será que é assim porque trabalham mais horas do que em Portugal? Não. O salário líquido por hora é mais elevado do que em Portugal. Como é possível? Como é que uma empresa holandesa que paga por exemplo 3000 EUR ao seu trabalhador pode ser mais competitiva do que uma empresa portuguesa que paga 600 EUR em Portugal para produzir o mesmo bem? A resposta é simples: A empresa holandesa será mais competitiva do que a portuguesa, neste caso, desde que o trabalhador holandês produza em cada mês um volume de bens superior a cinco vezes aquilo que o seu homólogo em Portugal produz.

Conclui-se portanto, que o segredo está na produtividade por hora trabalhada e não no salário por hora que se paga.

Precisamos de pensar em formas de sermos mais produtivos em cada hora. Isso passa por termos mais e melhores máquinas e equipamentos à nossa disposição, assim como termos chefias com mais conhecimentos de gestão, para que os recursos à sua disposição possam ser usados da melhor forma ao serviço de todos. Pena é que neste OE 2012 ainda não constem incentivos fiscais (ou outros) para o investimento em máquinas e equipamentos.

Assim, parece que crescimento económico só em 2013, a não ser que alguém se lembre deste tipo de coisas antes disso …

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Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
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Uma resposta a Que futuro com baixos salários?

  1. Jorge Bravo diz:

    Pois!
    Mas nunca se lembram! Não dá votos.
    É um esquecimento recorrente com pelo menos 25 anos.

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