Este artigo apareceu como comentário a um post no blog Momentos Económicos.
Em teoria, a medida destina-se a reduzir os chamados “custos unitários do factor trabalho por cada unidade produzida”, i.e. o rácio entre as despesas com pessoal (salários brutos mais contribuições sociais) e o número de unidades produzidas. Esta é a variável focada nas análises de competitividade. Claro que o big “if” é se, de facto, o número de unidades produzidas aumenta nessa meia hora. Daí que as confederações patronais tenham feito pressão para o bunching das horas, até porque, como sabemos, a produtividade adicional de mais uma hora de trabalho é menor ao fim do dia do que ao início.
Tal como a principal medida de austeridade (a suspensão dos subsídios de Natal e de férias para FPs e pensionistas), também esta medida (a de exigir mais umas horas de trabalho não remuneradas) não é sustentável a prazo. É um balão de oxigénio para a economia, com sacrifícios pessoais.
Continuo na minha a defender que seria mais proveitoso que a meia hora a mais fosse usada em programas de formação profissional. Pelo menos assim, o sacrifício teria efeitos mais duradouros em termos do crescimento económico. Mas mesmo nesse caso, seria preciso convencer as pessoas que o investimento (o esforço no upgrade dos seus skills) teria o retorno (financeiro) em poucos anos.