Ontem, a notícia do dia foi o crescimento em Portugal de 1,1% do PIB em volume no segundo trimestre de 2013, face ao trimestre anterior. Trata-se de um crescimento bem robusto, porque dá uma taxa anualizada de quase 4,5%.
Apesar de bastar apenas um trimestre de crescimento positivo para podermos declarar o fim da recessão técnica, vale a pena perguntar até que ponto podemos confiar neste rebento verde.
Para tal, obtive dados da OCDE sobre a mesma variável – o crescimento do PIB em volume de um trimestre para outro. Na figura seguinte as recessões estão marcadas a vermelho e em azul está o nível do PIB em termos reais (Q4-1995 = 100).
Com base em 70 trimestres, concluo que é um sinal em que podemos confiar com cautela. Comparei a média da taxa anual a que o PIB cresceu depois de saber que uma recessão tinha acabado, pelo menos em termos técnicos, com a média dos outros trimestres em que continávamos em recessão técnica. Enquanto a notícia de que continuamos em recessão tipicamente vem acompanhada de uma queda de quase 1,8% do PIB no ano seguinte, a notícia de que a recessão técnica terminou vem acompanhada de um crescimento de 0,7% do produto em termos reais nos 12 meses seguintes. Nada mau!
Mesmo assim, devemo-nos lembrar que organismos como o NBER (National Bureau of Economic Research) nos EUA não se limitam a usar apenas um indicador para datar o início e o fim das recessões.
E de onde surgiu esta regra de que uma economia entra em recessão quando o PIB real cai dois trimestres consecutivos? Depois de pesquisar um pouco, descobri que foi na sequência de um artigo no New York Times (1 de Dezembro de 1974) do estatístico Julius Shiskin. É um pouco irónico que assim o seja, dado que ele desaconselhava o uso de apenas um indicador. Para além da duração de uma recessão, alertou para a necessidade de também considerarmos a sua severidade e a sua difusão.
Para mais informação, recomendo a leitura destes dois artigos, aqui e aqui.