Peter Praet, economista chefe do Banco Central Europeu (BCE) escreveu este artigo de opinião no Project Syndicate a explicar o que a sua instituição fez em 2014, e porquê. Leitura muito interessante …
Vale a pena lembrar que a deflação (ou inflação negativa, como o BCE prefere referir) é um risco muito sério porque, para além de ser recessivo (ao induzir nos agentes económicos a expectativa de que os preços vão continuar a cair, e assim estes racionalmente adiam as suas compras, contribuindo para o agravamento da desaceleração da actividade económica, aumentando assim o desemprego), também aumenta as taxas de juro em termos reais. Como a maioria dos países são devedores (basta lembrar que a nossa dívida pública excede os 130% do PIB), um aumento da taxa de juro real implica que cada vez mais recursos têm de ser desviados de aplicações alternativas para servir a dívida. Em poucas palavras, é fundamental que o BCE consiga combater a deflação – caso contrário podemos esperar mais austeridade e maiores dificuldades na retoma da nossa economia.
Por fim, apesar de os preços estarem ainda a crescer a 0.3% ao ano, este número não é compatível com a estabilidade de preços que (de acordo com a Comissão Boskin) é obtida com uma taxa de inflação em torno dos 2%. Quem tiver interesse em saber porquê, pesquisem em qualquer bom manual de macroeconomia por “enviesamento por substituição” e “ajustamento hedónico”.