Fonte: Barchart.com
Possíveis explicações para um aparente paradoxo: por que é que as bolsas estão a acompanhar a queda do preço do crude? Como entender a correlação positiva?
Pelo menos desde as crises petrolíferas dos anos 70 que estamos habituados a pensar que um aumento do preço do barril de crude é um acontecimento potencialmente recessivo. A lógica é que um agravamento do preço da energia (um input na produção e um bem de consumo com poucos substitutos) acaba por reduzir o rendimento disponível.
Como então explicar que, com uma queda de mais do que 70% no preço do barril de crude nos últimos 24 meses (que se deve ao aumento do volume mundial de crude exportado com a entrada do Iraque, do Irão e até da China), apesar do aumento do rendimento disponível das famílias e uma maior folga financeira para as empresas (em particular as de transporte), as bolsas têm também caído?
Algumas possíveis explicações:
- A queda do preço do crude tem sido tão rápida que os investidores ficaram com medo, e começaram a liquidar as suas posições, em busca de activos refúgio como o ouro.
- A posição orçamental dos países exportadores de petróleo degradou-se de tal forma que os Sovereign Wealth Funds entraram em liquidação (repatriação de petrodólares). Poderão seguir-se descidas de ratings.
- Um dólar forte aperta as economias dos mercados emergentes que se endividaram em USD e faz cair o preço de quase todas as commodities.
- O colapso do preço do crude poderá estar a despoletar uma espiral deflacionista, que se reflecte numa quebra bolsista, afectando em particular as empresas mais endividadas.
- Muitos produtores de petróleo estão muito alavancados porque nunca pensavam que o preço da matéria-prima que vendem pudesse descer tanto e tão rapidamente, e poderão assim entrar em falência ou serem obrigados a reduzir o seu endividamento excessivo. O mercado pode estar a subavaliar o impacto deste choque sobre os balanços dos bancos.