Como lucrar com a política monetária não convencional?

Para quem segue as decisões dos bancos centrais, o termo Quantitative Easing já não é novidade. Trata-se de um instrumento não convencional da política monetária, usada quando as taxas de juro nominais se encontram em níveis muito baixas, a zero, ou mesmo em níveis negativos. O objectivo é estimular uma economia débil que corre riscos de deflação.

Mas como? O banco central compra activos (obrigações do Estado, mas não só) com nova moeda que cria digitalmente, sendo que o balanço do mesmo vai crescendo.

Num artigo que terminei há dias, intitulado “A Política Monetária Não Convencional Como Indicador Avançado das Cotações Cambiais”, disponível aqui em versão [PDF], mostro como foi possível obter mais valias, transaccionando as principais divisas umas contra as outras, usando um algoritmo que ajuda a escolher entre duas estratégias de negociação cambial. O algoritmo usa informação sobre o ritmo ao qual os bancos centrais estão a comprar (ou estão a desfazer-se dos) activos.

Mas estes resultados não são só de interesse arqueológico neste momento em que a crise financeira já terminou? Não. Simplesmente porque o tamanho dos balanços dos bancos centrais entretanto cresceu — colossalmente — e o que se segue é um processo de normalização da política monetária (vendendo ao mercado os activos comprados e dependendo cada vez mais de instrumentos convencionais como a redução da taxa de juro para estimular as economias em tempos de recessão). Logo, com vista às tais mais-valias de uma negociação cambial, parece muito provável que a estratégia que funcionou na fase de acumulação seja também útil na prolongada fase de desacumulação de activos, até porque os bancos centrais agem a ritmos diferenciados. Veja-se o caso da Reserva Federal que já iniciou a desacumulação há vários trimestres, enquanto o BCE vai começar só em 2019. Assim, não é difícil entender o porquê de um dólar forte.

Advertisement

Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
Esta entrada foi publicada em Crise financeira, Deflação, Mercados financeiros, Política monetária. ligação permanente.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.