Novo draft – Uma reflexão sobre os possíveis efeitos socioeconómicos da CoViD-19

Está disponível o resumo em português e em inglês do artigo Uma Reflexão Sobre os Possíveis Efeitos Socioeconómicos da CoViD-19[A Reflection On the Possible Socioeconomic Effects of CoViD-19].

Resumo. Esta breve nota resulta de uma reflexão do autor e pretende sistematizar num só texto os vários efeitos socioeconómicos que podemos esperar, resultantes da pandemia por CoViD-19. Alguns destes efeitos já estão em curso; outros poderão ou não se materializar, dependendo de eventuais alterações permanentes no nosso comportamento. Em todo o caso, este pretende ser um pequeno contributo estratégico com vista à formulação de melhores políticas públicas nos próximos tempos, numa altura em que os múltiplos stakeholders estão naturalmente muito ocupados na resolução de problemas mais imediatos.

Palavras-chave: Coronavírus; CoViD-19; Pandemia; Desemprego; Distanciamento social; Quarentena;

Abstract. This brief note is the result of the author’s reflection and aims to systematize in one text alone various socioeconomic effects we can expect, resulting from the CoViD-19 pandemic. Some of these effects are already ongoing; others may or may not materialize, depending on hypothetical permanent changes in our behavior. In any case, this aims to be a small strategic contribution with a view to formulating better public policies soon, at a time when the multiple stakeholders are naturally very busy solving more immediate problems.

Keywords: Coronavirus; CoViD-19; Pandemic; Unemployment; Social distancing; Quarantine;

 

Usando dados até 10 de abril 2020, a Figura 1 analisa os resultados para um conjunto alargado de países e faz um ponto de situação quanto à evolução do número acumulado de óbitos, vítimas por CoViD-19, e ainda quanto ao sucesso das medidas de contenção no achatamento das curvas epidemiológicas.

Logo à partida, uma explicação sobre o porquê de nos focarmos nos óbitos e não na evolução do número de infetados: estes últimos são um caso com resolução incerta – uns recuperarão, outros terão que ser hospitalizados, alguns desses serão internados com necessidade de cuidados intensivos, e uns virão a morrer. Em última análise, o sucesso de medidas de contenção mede-se através do número de óbitos. Pouco importará se há um grande número de infetados, desde que a mortalidade seja baixa. Entendemos assim o achatamento da curva epidemiológica como um forte abrandamento da evolução acumulada do número de óbitos, vítimas por CoViD-19.

Outra característica da Figura 1 é estar na escala logarítmica. Nesse contexto, uma linha reta representa um fenómeno com crescimento exponencial a evoluir a uma taxa constante. O achatamento (redução progressiva da inclinação de uma curva) representa assim a redução dessa taxa de crescimento, muito provavelmente devido à tomada de medidas pelas autoridades.

A terceira e última característica da Figura 1 reporta-se aos cálculos de normalização que são necessários para assegurar a comparabilidade dos países analisados. Ao contrário do que aparece diariamente nos noticiários, não nos podemos focar nos números em absoluto. Há que dividir o número de casos pela população desse país. Caso contrário, como poderemos saber se 2.000 óbitos em 24 horas é um número grande ou pequeno? Interessa saber se se trata de um país como os EUA (328 milhões) ou de um país como a Itália (com 60 milhões de habitantes). Por este motivo, o ajustamento ‘per capita’ é importante, considerando-se o número de casos ‘por milhão de habitantes’. Mas existe uma outra normalização que tem de ser feita. Os diversos países não foram todos atingidos ao mesmo tempo com o surto de CoViD-19. Por isso, nas abcissas contam-se o número de dias desde o primeiro óbito por milhão de habitantes, momento que determina o início do surto viral.

Pelo menos até ao momento, Portugal (aqui representado pela linha grossa a preto) está a ter um desempenho melhor que a média dos países mais desenvolvidos e em linha com o da Dinamarca. Países com uma evolução menos pronunciada no seu número acumulado de óbitos incluem a Alemanha, o Canadá e a Finlândia, sendo que os casos da Grécia e do Irão merecem algumas reservas quanto à qualidade dos dados disponíveis. Outra conclusão é que é preciso manter o esforço de contenção e continuar a exercê-lo de forma disciplinada, uma vez que as curvas oscilam e rapidamente (em escassos dias) um ‘bom aluno’ pode transformar-se num caso complicado. Finalmente, há aparentemente países que suscitam muita preocupação, como é o caso do Reino Unido, da Irlanda, dos Países Baixos e da França que parecem trilhar o mesmo caminho percorrido pela Itália, com um atraso de apenas uns dias. Os Estados Unidos parecem estar na mesma rota em que estão a Suíça e o Luxemburgo. E, por fim, o país que à data de 10 de abril 2020 mais preocupação suscitava era a Bélgica, com uma evolução do número acumulado de óbitos, vítimas por CoViD-19, ainda mais pronunciado que a Espanha.

Mais da minha investigação disponível aqui.

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Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
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