À comissão, pasta de papel, e bolas de naftalina

Ontem o Fisco efectivamente contratou milhões de novos fiscais e fê-lo à comissão. Como? Através do anúncio por parte do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que os contribuintes poderiam deduzir no seu IRS (na sua colecta) 5% do IVA cobrado pelas empresas que elas “fiscalizassem” pedindo factura.

Quando soube disto, imediatamente pensei no programa de “affiliate marketing” da Amazon que paga 15% em comissões. Não há grande diferença … Com a diferença importante de que quem tem mais a ganhar com esta medida de combate à evasão fiscal é efectivamente a indústria da pasta do papel e das bolas de naftalina, sim, porque temos de guardar as facturas durante quatro anos.

É caso para perguntar: Mas quando é que Portugal deixará de ser o país dos papeizinhos? Da primeira vez que vim a Portugal lembro-me do nojo que era o chão dos cafés cheio de papeizinhos … Mas será que não poderíamos simplesmente acabar com as notas e moedas, passar para a moeda electrónica e assim acompanhar o registo de todas as operações comerciais? Custaria assim tanto?

E claro, já sabemos que muito provavelmente os comerciantes vão repercutir o acréscimo dos custos no cliente. Mas isso já não é novidade …

Agora já posso incluir no meu currículo: Trabalho em part-time para o Fisco. Aliás todos nós!

Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
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2 respostas a À comissão, pasta de papel, e bolas de naftalina

  1. Joaquim diz:

    Ou mesmo a inclusão de uma aplicação nos softwares que ao fazer o somatoria da despesa retire imediatamente o papel de factura/recebibo ( isto , seguindo a linha de nós gostarmos de papeis) .

    Ps – Muito bom Blog para se saber e discutir sobre economia e finanças.

  2. Quem não deve (impostos), não teme.

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