A seguir está a taxa de juro implícita (o chamado yield) num empréstimo a 6 meses ao Estado Alemão (é efectivamente isto que acontece sempre que se compra dívida pública alemã). Não, não é gaffe … Quem empresta paga mesmo para que o Estado Alemão tome conta do seu dinheiro. Dito de forma equivalente, ao fim dos 6 meses, quem empresta recebe menos do que lá pôs.
E que sentido é que isto faz? A verdade é que, assim, os bancos perdem menos do que se não comprassem dívida pública. Como é que é? Vamos por partes. Na semana passada o Banco Central Europeu (BCE) fixou a taxa de juro sobre o excesso de reservas em -0.20% (sim, é uma taxa negativa). A ideia é penalizar a liquidez a mais que os bancos têm. Qual o objectivo? Induzir os bancos a emprestar mais às empresas e às famílias, para que a retoma da economia acelere. O problema é que a procura agregada continua tépida, os bancos ainda estão em modo de desalavancagem (redução do se próprio endividamento), e muitos apresentam rácios de capital baixos que os obrigam a aumentos de capital. Ora, neste contexto, se emprestarem à economia real então precisam de rácios de capital ainda mais elevados. Mas se comprarem dívida pública então os requisitos em termos de capital não são tão exigentes. Daqui resulta que, mesmo pagando algo para que alguém tome conta do dinheiro a mais que os bancos têm, sai-lhes mais barato que pagar 20 pontos base (0.2%) ao BCE. (Para mais informação, consulte este link, por cortesia do Sober Look.)
E esta hem? 🙂