Uma análise aos desafios pós-eleitorais

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O Jornal de Negócios pediu-me a resposta a três perguntas relacionadas com os desafios pós-eleitorais. Vejam aqui o artigo na íntegra, com mais sete opiniões.

Reproduzo aqui as minhas respostas.

Pedro Rodrigues: “Esta é uma oportunidade que o PS não deve desperdiçar”

Pedro Rodrigues, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, diz que o PS não pode desperdiçar a oportunidade de fazer parte de uma solução de estabilidade, e sugere à PàF que releia o programa do PS “com vista a encontrar pontes”. Também duvida que haja margem para reduzir a austeridade.

1) Que grau de risco atribui à possibilidade de instabilidade política no curto prazo (1 ano) e no médio prazo (três anos)?

Tudo depende da vontade do Partido Socialista em fazer parte do problema ou parte da solução. Esta é uma oportunidade que o PS não deve desperdiçar. A minha leitura dos resultados eleitorais é que os Portugueses querem que as duas principais forças políticas em Portugal se entendam e que trabalhem em conjunto.

2) Que prioridades de política económica elege para um primeiro orçamento?

Com a nova Lei de Enquadramento Orçamental, a nova legislatura deve arrancar com uma orçamentação orientada para o desempenho, na linha das melhores práticas na OCDE. Este é o caminho para a Reforma do Estado e para um futuro desagravamento fiscal que tanto precisamos. Só com significativos ganhos de eficiência na Administração Pública poderemos garantir não só a sustentabilidade como a qualidade das finanças públicas. Com pouco tempo disponível, na busca de consensos alargados, sugeria ao PàF que relesse o Programa do PS com vista a encontrar as pontes – i.e. as medidas de política com as quais estaria também confortável. Parece-me um ponto de partida bastante razoável para uma negociação expedita.

3) Será possível baixar o défice em 2016 e inverter as medidas de austeridade?

A conjuntura externa parece-me algo incerta neste momento – a economia europeia está a recuperar, mas há riscos de uma desaceleração. Neste contexto, o objectivo para o défice em 2016 deve ser um valor marginalmente abaixo dos 3%. Duvido que haja muita margem de manobra orçamental para menos austeridade, mas mesmo assim privilegiaria medidas que alterassem a composição da mesma, redistribuindo melhor o esforço de ajustamento.

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Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
Esta entrada foi publicada em Eleições, Finanças públicas. ligação permanente.

2 respostas a Uma análise aos desafios pós-eleitorais

  1. Joao Carlos Pedro diz:

    Parabéns Professor pelo artigo. Gostei muito. Cumprimentos, João Pedro

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