Desiludido com o Jardim Botânico da Ajuda

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Este Domingo visitei o Jardim Botânico da Ajuda … e foi grande a minha desilusão face à expectativa que tinha. A entrada custa 2€ e apesar do espaço ser agradável, ter uma grande variedade de espécies, e ter grande potencial, encontrei estufas degradadas (com vidros partidos), jardins descuidados, e muitas áreas vedadas ao público – presumo eu por estarem em condições bem piores que o resto que está aberto.

É triste ver um espaço nobre da cidade de Lisboa assim tão degradado, mas muito visitado por turistas e estrangeiros residentes.

É também incompreensível que o sítio na Internet ainda apresente o logótipo da Universidade Técnica de Lisboa (que já foi substituída pela Universidade de Lisboa há algum tempo), e que os conteúdos não estejam actualizados (nem de longe, nem de perto). Dá pena …

Aproveito para deixar uma ideia que faz todo o sentido, pensando como economista. Jardins privados que estão bem cuidados e que estão à vista de todos produzem o que em economia se apelida de uma externalidade positiva no consumo. Quer isto dizer que produz um benefício social que excede os benefícios privados. Assim sendo, porque o dono do jardim apenas leva em conta o benefício privado que contrabalança com o custo privado, não tratará do jardim com tanto afinco como seria socialmente óptimo. Para resolver esta falha de mercado, o que vem sugerido nos manuais de Economia é um subsídio de Pigou, atribuído ao dono do jardim para que este tenha o incentivo a colocar mais flores, por exemplo.

Neste âmbito, não é mesmo nada disparatado que os municípios – em concertação com centros de jardinagem que vendem equipamentos e consumíveis, e até grandes superfícies como o AKI e outros similares – lançassem concursos premiados para o melhor jardim. Como estas entidades beneficiam de espaços visualmente mais agradáveis, este concurso até se financiaria a si próprio. Será esta uma melhoria de Pareto que deixa todos melhor, sem piorar o bem-estar de ninguém?

Aos autarcas deste país deixo este apelo: Vamos fazer de Portugal um lugar ainda mais bonito, vamos?

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Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
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