A esta altura, já todos sabem que no referendo do passado dia 23 de Junho de 2016 o Reino Unido optou por sair da União Europeia, depois de um “casamento” que durou 43 anos.
Esta notícia apanhou quase todos de surpresa, e os mercados financeiros reagiram muito negativamente, com a cotação da libra esterlina contra o dólar a revisitar os mínimos atingidos nos anos 80.
E agora? Agora segue-se um processo de “divórcio” que as instâncias europeias já disseram que querem que seja expedito. Angela Merkel terá, alegadamente, dito que se sentia como uma mulher cujo namorado a deixou e no entanto espera continuar a viver lá em casa mais seis meses. Antes de mais, vale a pena pensar nos efeitos políticos – e serão muitos: para já, a) a Escócia quer continuar a pertencer à UE, b) a Irlanda do Norte não está contente com o resultado, c) o próprio Reino Unido pode deixar de o ser. Alistair Darling, em declarações à BBC resumiu bem: “não há governo, não há oposição, e as pessoas que nos conduziram para esta situação já todas desapareceram”. Analisando a composição etária dos eleitores pelo “ficar” e pelo “sair” da UE, fica claro que os mais velhos provavelmente foram influenciados com promessas do tipo “em vez de enviarmos £350 milhões para a UE cada semana, podemos gastar esse dinheiro em saúde”, um compromisso que Nigel Farage do UKIP rapidamente admitiu ter sido um erro ter feito essa promessa e que não iria ser bem assim.
Em termos económicos, o que se segue? Segue-se uma negociação do Reino Unido com a UE que se centrará muito provavelmente nas condições que definirão as trocas comerciais entre estes dois blocos. E aí, a UE tem de encontrar um difícil equilíbrio: por um lado não pode (como alguns defendem) simplesmente continuar a tratar o Reino Unido como um membro de pleno direito (porque, assim, outros quereriam sair … e lembre-se que o Reino Unido agora não vai contribuir para o orçamento comunitário!), mas também não pode (não deve!) penalizar o Reino Unido com barreiras ao comércio que lesariam a própria Europa, porque seguir-se-iam iniciativas de tit-for-tat, nas quais o Reino Unido também ergueria barreiras aos produtos importados do continente.
Ninguém ganha com uma política proteccionista … mas não se pode deixar o RU abrir um precedente para outros.