Alhos com bugalhos

Temos ouvido nos últimos dias que a remuneração média no sector público é mais elevada que no sector privado. E, como tal, é justo que se suspendam os subsídios de férias e de Natal apenas aos funcionários públicos. Contudo, como as médias são uma medida muito imperfeita da realidade (como demonstra a história dos dois irmãos, em que apenas um come um frango, mas em média comeram 1/2 frango cada um), também aqui temos que comparar o que é comparável. E aí percebe-se a razão para a remuneração média mais elevada na função pública: há mais médicos e outros profissionais equiparados do que no sector privado. Será que um médico a trabalhar no sector público ganha mais que um médico no sector privado? Não me parece. É preciso analisar a composição de uma média; é preciso não misturar alhos com bugalhos.

Sobre Pedro G. Rodrigues

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutorado em economia pela Universidade Nova de Lisboa. Email: pedro.g.rodrigues@campus.ul.pt
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Uma resposta a Alhos com bugalhos

  1. A redução das remunerações no sector público tem pouco a ver com o mérito dos servidores públicos. Bem podem parar de olhar para o umbigo.
    As justificações dos cortes salariais são outras:
    – é necessário reduzir a despesa corrente da Administração Pública e do sector público alargado, incluindo empresas públicas, que cresceu de uma forma insustentável
    – é necessário dar um sinal de preço (nos salários) para reorientar os trabalhadores para o sector privado em geral, e para o sector dos transaccionáveis em especial.

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